Rotina de luxo e ostentação de Rogério Andrade inclui iate, festas milionárias e restaurantes requintados

A lista de bens do contraventor Rogério Andrade é extensa. Em fevereiro de 2023, o Ministério Público em conjunto com a Polícia Civil levantou um patrimônio na casa de R$ 42 milhões que seria oriundo da exploração de jogos de azar. A 1ª Vara Especializada em Organização Criminosa do Tribunal de Justiça do Rio determinou operação de busca e apreensão em 26 endereços entre os quais um o mega-apartamento de Andrade, na Barra da Tijuca e uma casa num condomínio de alto padrão em Angra dos Reis. Na lista além dos imóveis, aparecem carros e iates de luxo.

Veja Mais

Valor consta em planilha: Rogério de Andrade gastou mais de 200 mil mensais para pagar PMs que faziam sua segurança, diz MPRJ ‘Juntos somos mais fortes’: Rogério de Andrade posa em redes sociais com puxador e novos carnavalescos da Mocidade

A cidade da Costa Verde do Rio é frequentada há tempos pela família Andrade. Um terreno de 97 mil metros quadrados deixado pelo patriarca Castor de Andrade (1926-1997) é considerado o bem mais valioso do espólio do bicheiro. Corretores consultados pelo GLOBO estimam que o terreno, na localidade conhecida como Ponta da Raposinha, vale cerca de R$ 40 milhões. O local, onde há duas mansões, é motivo de disputa na Justiça entre Elizabeth Costa de Andrade da Silva (Beth Andrade) e Carmen Lucia de Andrade Iggnacio viúvas, respectivamente, de Paulinho Andrade e Fernando e Fernando Iggnacio.

No inventário de Castor constam uma casa no Joá, na Zona Sul do Rio, com quase mil metros quadrados, avaliada em R$ 6 milhões, mas considerada, em 2020 em péssimo estado de conservação, e dois apartamentos em Copacabana.

A Polícia Civil e o MP ainda descobriram que, por trás de empresas de fachada e até de estabelecimentos lucrativos com entrada de dinheiro lícito ou não, o contraventor Rogério de Andrade “lavou” sua fortuna oriunda da exploração de jogos de azar. Um dos destaques é a fazenda Três Irmãos, de 20 hectares, em Vitória da Conquista, na Bahia.

Bicheiro Rogério Andrade — Foto: Reprodução

A fazenda Três Irmãos — referência a Rogério e seus outros dois irmãos — de 20 hectares, o equivalente a 28 campos de futebol, é uma das mais rentáveis. O esquema de lavagem de dinheiro, conforme relatório dos investigadores, seria por meio da venda de sacas de café.

Já o restaurante Gajos D’Ouro, no endereço nobre da Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, uma das maiores fontes de lucro do bicheiro.

Segundo as investigações, o Gajos D’Ouro seria usado para dissimular e ocultar valores obtidos com ganhos ilícitos originários do jogo de bicho, máquinas de caça níquel e bingos, atividade ilegal no país. O estabelecimento tem Rogério e o filho dele, Gustavo de Andrade, que está preso como sócios.

Além dos imóveis, há carros de luxo, a maioria blindados. O luxo das salas das empresas, consideradas de fachada pelos investigadores, também chama a atenção, como os escritórios da Rai Boat e Rai Rolding. Elas estão localizadas no centro empresarial Le Monde, um dos mais caros da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Os cômodos são decorados com objetos de arte.

Rogério Andrade tem como hábito se exibir em iates de luxo, um deles avaliado em R$ 10 milhões, e pescar em potentes embarcações.

Foram identificadas ao menos duas empresas de fachada: Planet Boat e Rai Holding. Além de Rogério Andrade, as investigações apontaram seu filho Gustavo Andrade, que está preso, como um dos suspeitos. Os demais aparecem no quadro societário das empresas.

Foi por meio da Planete Boat, que Rogério e o filho Gustavo Andrade compraram o iate stone por R$ 10 milhões, uma das embarcações mais caras do contraventor. O bicheiro o batizou de Repafe III. Ele costuma se exibir na embarcação com mulheres bonitas. O outro iate é o Randra.

No início de maio de 2022, Rogério Andrade estava a bordo de um dos seus barcos, pescando no Caribe, quando o MPRJ armava um esquema para prendê-lo. Principal alvo da Operação Calígula, ele participava da competição Costa Offshore World Championship, torneio internacional de pesca de peixe de bico. O plano dos promotores era dar a voz de prisão no retorno ao Rio de Janeiro, mas houve vazamento da operação, que chegou ao conhecimento de Rogério, que mudou o rumo da viagem e desapareceu.

Nos vídeos postados nas redes sociais, antes da operação, Rogério apareceu em várias passagens dentro da lancha Randra, nome inspirado nas iniciais do seu nome. Os autores das imagens, no entanto, tomaram o cuidado de não mostrá-lo de frente. Numa das fotos, em que ele está de óculos e boné, aparece uma curtida pela mulher Fabíola nas redes, que escreve “meu pescador”. A equipe de Rogério terminou o torneio em quinto lugar.

Só em agosto de 2022, Rogério e filho, Gustavo, foram presos num condomínio em Petrópolis, na Região Serrana. Embora o contraventor tivesse um habeas corpus, ele acabou sendo preso em flagrante, porque a Polícia Federal e o MPRJ encontraram duas folhas, escritas à mão, com anotações referentes a pagamentos feitos a policiais, na casa de Rogério.

No papel, constava a data de 3 de agosto de 2022. Na época, a promotoria justificou a prisão: “uma sistemática cadeia de corrupção mantida de forma persistente com instituição de segurança pública, mesmo durante períodos, inclusive, que Rogério de Andrade permanecia foragido”.

Mas o contraventor ficou apenas quatro meses preso. Em 20 de dezembro, o plantão judiciário do Tribunal de Justiça determinou a soltura dele, após o Superior Tribunal de Justiça aceitar um pedido de habeas corpus da defesa do contraventor, no dia 16 daquele mês. No entanto, Andrade cumpre algumas medidas cautelares impostas pela Justiça. Ele é obrigado a usar tornozeleira eletrônica e não pode sair do país. Está proibido ainda de ficar na rua entre 20h e 6h da manhã, devendo permanecer em casa neste período.

Mais recente Próxima

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *