Juros mais altos: o que vai subir de preço?

O possível aumento da taxa Selic, esperado para ser anunciado nesta quarta-feira (29) pelo Copom (Comitê de Política Monetária), deve afetar diretamente o varejo e a construção civil. O mercado projeta uma elevação de 1 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros para 13,25% ao ano.

A medida, adotada pelo Banco Central como parte de sua estratégia para conter a inflação, tende a refletir em novos custos para empresas e consumidores, especialmente nos setores que dependem de financiamento e crédito.

No varejo, o impacto ocorre principalmente em negócios que trabalham com prazos entre a venda e o recebimento, como o varejo de moda e de eletrodomésticos.

“Com aumento de juros, especialmente de curto prazo, tem um público que impacta preço direto, que é todo mundo que demanda tempo de pagamento, é um varejo que eventualmente vende as peças, mas embute ali uma recepção desse dinheiro via cartão de crédito em um mês, por exemplo, ela acaba jogando isso para o preço para justamente compor a receita líquida desses juros de antecipação, manter os níveis atuais”, explica Filipe Ferreira – Diretor de Negócios da Comdinheiro/Nelogica ao Portal iG.

“Essa turma de varejo de moda quanto varejo linha branca, que tem um descolamento entre a venda e a data de pagamento pelo cliente, já deve ter impacto direto no preço”, relata, pontuando que pagamento parcelado ou via cartão de crédito podem ficar mais caros, pressionando o orçamento dos consumidores.

O especialista também diz que, na construção civil, as empresas que dependem de capital intensivo, como construtoras e fabricantes de maquinário, enfrentam custos adicionais com financiamentos e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que são frequentemente indexados à taxa Selic ou ao CDI.

Com o novo patamar de juros, esses custos devem ser repassados para os preços finais de imóveis e projetos de infraestrutura, afetando tanto investidores quanto compradores.

Decisão do Copom

A decisão do Copom ocorre em um contexto de inflação acima da meta definida pelo Banco Central. Em 2024, a inflação encerrou o ano em 4,83%, enquanto a meta era de 3%, com margem de tolerância de até 4,5%.

A expectativa é que a taxa básica de juros continue subindo ao longo de 2025, podendo alcançar 15% até o final do ano, segundo projeções do Boletim Focus. Para setores que dependem de crédito, isso representa um desafio adicional, com impacto direto na capacidade de investimento e consumo.

Além disso, o aumento dos juros tende a desacelerar a economia como um todo, reduzindo a demanda por bens e serviços.

No caso do varejo, segmentos que já operam com margens apertadas podem enfrentar dificuldades adicionais para absorver os novos custos financeiros.

Por outro lado, empresas que trabalham com longos prazos de recebimento, como as do setor imobiliário, precisarão reajustar suas estratégias para lidar com o encarecimento do crédito.

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