O médico Walter Vieira, de 61 anos, sócio do laboratório envolvido no escândalo relacionado ao transporte de órgãos contaminados com HIV, retornará às atividades na Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu. A decisão foi publicada no Diário Oficial nesta segunda-feira (6). Walter é servidor da prefeitura desde 2009 e ocupava o cargo de presidente do Comitê Gestor de Vigilância e Análise do Óbito Materno Infantil e Fetal do município, de forma não remunerada. Ele foi afastado após a repercussão do caso.
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Na publicação desta segunda-feira, a Prefeitura informou que acolheu o requerimento apresentado por Walter e deferiu “o seu retorno ao exercício do cargo de médico ginecologista e obstetra na Secretaria Municipal de Saúde”. Em novembro, último salário registrado, Walter recebeu como servidor municipal o salário de R$ 7.278,44.
Em nota, a prefeitura de Nova Iguaçu informou que “conforme determina a lei, o servidor em questão, que é concursado, pode solicitar seu retorno, uma vez que não houve julgamento e/ou condenação do caso. Walter Viera irá entrar de férias e após seu retorno, exercerá função de médico ginecologista, que é o cargo no qual foi aprovado em concurso”.
Relembre o caso
Em outubro do ano passado, o Programa de Transplantes do Rio viveu uma crise sem precedentes. Pela primeira vez no país, foi confirmado que seis pacientes foram transplantados com órgãos infectados com HIV. No centro do escândalo esteve o laboratório PCS Lab Saleme, em Nova Iguaçu, que tem como sócios parentes do ex-secretário estadual de Saúde e deputado federal Dr. Luizinho (PP), que sempre negou envolvimento com a empresa.
Seis pessoas foram denunciadas e presas pelo erro nos exames que permitiram as cirurgias. Os acusados receberam um habeas corpus em dezembro e responderão ao processo em liberdade.
Segundo as investigações, o problema aconteceu porque os sócios do laboratório queriam economizar no controle de qualidade — versão dita em depoimento pelos funcionários também acusados dos crimes. O PCS sempre negou essa versão. Os donos da empresa alegaram primeiro que a culpa era, na verdade, dos funcionários. Meses depois, foi constatado que a defesa mudou a versão e disse à Secretaria de Saúde que os erros podem ter sido fruto da “janela imunológica” da infecção nos doadores e que falhas em apenas dois exames dentre 300 feitos para a Central de Transplantes em um ano estão “dentro do limite da aceitabilidade”.
Investigações do Ministério Público e sindicâncias da Secretaria estadual de Saúde e do Ministério da Saúde apuram ainda se houve irregularidades e favorecimento na contratação do laboratório.
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