Jaé: Grupo que quer assumir gestão do cartão carioca administra bilhetagem eletrônica para empresas de ônibus de SP; entenda

A Autopass SA, que negocia a compra da operação do cartão Jaé no Rio, tem como principal cliente uma associação ligada a empresas de ônibus da Região Metropolitana de São Paulo. A Autopass opera o cartão Top, uma versão paulistana do Riocard fluminense. Por meio desse contrato, além das receitas geradas pelo pagamento das tarifas, ela recolhe os dados sobre as viagens e os repassa à Associação de Serviços Públicos de Transporte Coletivo de Passageiros do Estado de São Paulo (Abasp). Essas informações são, portanto, controladas pelas empresas, e não pelo poder público.

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A Abasp, por sua vez, é uma entidade sem fins lucrativos que reúne 24 empresas que operam mais de 500 linhas intermunicipais por meio de 4, 2 mil coletivos na Região Metropolitana de São Paulo. Entre as empresas associadas está a Viação Guarulhos, do Grupo Guanabara, a maior operadora de ônibus do Rio, que tem entre os sócios o empresário Jacob Barata Filho.

A relação guarda semelhanças com a gestão da bilhetagem eletrônica do Riocard, que até o ano passado, quando a prefeitura do Rio iniciou a implantação do Jaé, tinha exclusividade da operação do sistema no Rio. A diferença é que o Riocard tem entre os sócios empresários de ônibus ligados a Semove (ex-Fetranspor), que reúne as empresas de ônibus do Rio.

O Riocard

Hoje, a Riocard opera de forma exclusiva no transporte intermunicipal da Região Metropolitana do Rio (incluindo trens, barcas e metrô). Depois de vários adiamentos, a prefeitura carioca pretende encerrar a operação do Riocard em julho e operar exclusivamente o Jaé, licitado pelo município. O governo do Estado também promete licitar o serviço, que não poderia ser disputado pelo Riocard, pelos vínculos com os operadores.

A prefeitura alega que, com o Jaé, passará a ter controle em tempo real do faturamento e passageiros das linhas, o que não acontece hoje com a Riocard. Os sócios da Autopass não são empresários do setor, mas sua existência depende hoje, principalmente, de uma parceria com a Companhia Metropolitana de Transportes (CMT). A CMT, por sua vez, é integrada pelas empresas de ônibus associadas da CPTM e Metro, todas ligadas à ABASP.

Outro lado

Essa dependência é revelada por auditorias independentes nas contas da Autopass. Procurada para esclarecer a relação, a Autopass comentou somente as negociações com a prefeitura do Rio.

”As reuniões seguem ocorrendo de forma regular com a prefeitura, o que reforça o compromisso mútuo em viabilizar a concretização do negócio de forma estruturada dentro da expertise e da qualidade dos serviços prestados pela Autopass nos últimos 15 anos em São Paulo”, afirma em nota.

A Abasp, por sua vez, explicou como é a relação dela com a Autopass:

”’A Abasp foi criada para apoiar, fomentar e aprimorar as atividades de bilhetagem e arrecadação nos serviços públicos de transporte coletivo da capital e região metropolitana de São Paulo. Os recursos arrecadados de forma centralizada na ABASP são repassados, diariamente, aos seus associados de acordo com a utilização dos serviços pelos passageiros. A Autopass foi contratada pela Abasp desde 2020 para ser a responsável pela gestão de todo o sistema e tecnologia da Plataforma TOP”.

Procurada, a prefeitura do Rio informou que toda a documentação da Autopass se encontra em análise. O Grupo Guanabara não respondeu ao Extra.

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