Desenvolvimento de territórios: nomenclatura da moda ou resultado eficiente? (Reunião social Itabirito/ MG (Foto: Ubiraney Silva))
A responsabilidade social das grandes empresas e da iniciativa privada em geral, vem sendo praticada de várias formas e, tradicionais ou inovadoras, partem sempre do princípio de acolher especialmente as comunidades mais carentes e que se localizam nas chamadas áreas de influência direta, nas regiões onde a atividade empresarial gera impactos de alguma forma ou com certa intensidade.
Como resposta em reconhecimento à necessidade de contribuírem com o crescimento social das regiões impactadas, as empresas utilizam ações e programas, que buscam o diálogo permanente e com esta aproximação, entender e buscar soluções para as principais dificuldades apontadas nos diagnósticos sociais, que normalmente são aplicados por ali.
De uns tempos para cá e com uma tendência à modernização das nomenclaturas, em tempos de ESG, onde a transparência vira uma necessidade em todos os processos, a terminologia mais utilizada na atualidade para batizar ações sociais em comunidades carentes ou não, passa a ser “Desenvolvimento de Territórios”.
O que é “território”?
Território, para os estudos da geografia, é um conceito a ser pensado e que possui algumas abordagens bastante interessantes. Comumente o termo território é definido como um espaço delimitado, com fronteiras definidas e que exista alguma relação de pertencimento, propriedade, que pode ser defendido como posse!
De fato e de maneira muito simples, o território, é o espaço de vida dos humanos e como nem todos os humanos têm a habilidade de tornarem os seus espaços de vida produtivos e rentáveis, muitas vezes, a resposta social vem por parte das empresas, que investem em ações diversas, que promovem o chamado desenvolvimento territorial, abrangendo boa parte das vezes, todas as faixas etárias ali percebidas.
Desenvolvimento de territórios
O desenvolvimento territorial já vem como uma estratégia de melhoria de vida para aqueles locais e com propostas eficientes para a solução dos seus problemas.
Capacitação coletivo de mulheres PA Dina Teixeira (Foto: Ubiraney Silva)
As chamadas regiões de vulnerabilidade social, são as mais privilegiadas nestes casos e naturalmente que o enfrentamento dos problemas apontados, carecem de estratégias especiais e o mais prático é fazer com que as próprias comunidades se tornem aptas e adquiram o potencial de solução de suas aflições.
Como disse, estamos na era ESG (e já falamos sobre o que significa esta sigla em outras postagens), e neste contexto, as propostas de desenvolvimento de territórios chegam com ações e propostas sustentáveis, estimulando as práticas de desenvolvimento, lançando mão do capital social e humano existente nos respectivos territórios.
A grande transformação acontece, quando a comunidade entende o seu papel, reconhece suas habilidades, identificam localmente parceiros, forças e ativos que juntos, promoverão efetivamente as melhorias da qualidade de vida nestes territórios.
Aí sim, o desenvolvimento territorial sustentável pode ser entendido, praticado e quiçá, perene.
Se pensarmos que o território é a base da existência humana, como sugeri acima, a sua organização espacial é também uma ação estratégica e potencializadora para o alcance de bons resultados, afinal os territórios uma vez identificados, precisam ter suas funções bem definidas por meio da apropriação e definição das diversas formas de uso que possam ser trabalhados por lá.
Resultados gerados à partir do desenvolvimento de territórios de maneira sustentável
As comunidades organizadas e com seus ativos fortalecidos, podem definir frentes poderosas de atuação, no contexto sustentável, passando pela erradicação da pobreza, buscando uma educação de qualidade, investindo em técnicas e práticas da agricultura sustentável, respeitando os princípios da diversidade presente em todos os meios sociais na atualidade, garantindo o acesso à bens como a água e o saneamento básico e assim, promovendo e garantindo o trabalho e consequentemente o crescimento econômico local.
Capacitação de comunidades: Oficina de papel marchê – Vila Canadá/ PA Foto: Ubiraney Silva)
Em muitos lugares e diante de realidades diversas, a sociedade se organiza também, visando o bem-estar e a qualidade de vida, mas pelo viés das ações e dos ativos da criatividade como principal motivador do desenvolvimento local.
Nestes casos, é comum percebermos um dinamismo nas lideranças locais, a coragem para o trato e uso da inovação, da ousadia tecnológica, das ações culturais, dos coletivos, das artes, enfim, criatividade para o fomento e geração de valor econômico e social.
Para tecer estes comentários sobre este tema, naturalmente que li bastante os inúmeros materiais didáticos, que guardo em minhas estantes e em minhas vivências com as experiências artísticas e profissionais, que já tive oportunidade de experimentar exatamente neste contexto do exercício de busca do desenvolvimento econômico, pelo viés do desenvolvimento territorial como um todo.
Qualquer um pode ser um agente transformador
O que fica é uma sensação de que o desenvolvimento territorial “é o resultado de uma ação coletiva intencional de caráter local, um modo de regulação territorial” e aí concluímos que tudo isso é uma ação associada a culturas, a planos e instituições locais, aos arranjos produtivos e às práticas sociais presentes.
O desenvolvimento territorial é também um processo progressivo de transformação e pode ser experimentado por qualquer um, até pelos que não fazem parte de nenhum programa social de empresa A ou B!
Marisqueiras em ação – Ilha de Deus, Recife/ PE (Foto: Ubiraney Silva)
Quer entender como contribuir com o desenvolvimento do território onde você está inserido?
Experimente manter hábitos comuns e bastante simples, como comprar e abastecer as suas necessidades básicas no comércio do seu bairro ou na sua cidade. Vai comemorar um aniversário ou qualquer outra motivação, contrate os serviços necessários perto de você, certamente encontrará fornecedores que garantirão qualidade e pontualidade.
Percebe como todos podemos contribuir? A grande sacada é focarmos na mobilização das comunidades. A transformação local só acontece pelas mãos das próprias comunidades, não tem erro.
São estas iniciativas, que quando vitoriosas geram visibilidade para comunidades mais inclusivas e exigentes para uma atuação mais eficiente, independente da situação social. Para pensarmos em sustentabilidade, temos que pensar em pontualidade, seriedade, eficiência, inclusão e principalmente o protagonismo do cidadão, é isso que promoverá a mudança para melhor nos territórios trabalhados.
E para não ficar fora do meu contexto habitual, posso tranquilamente afirmar, que as inúmeras ações culturais, o conhecimento prático dos mais singelos e a união das comunidades, promovem de fato resultados dos mais significativos.
Isso nos mostra que a promoção cultural permanece sendo um fator potencial para transformação social e econômica em várias frentes.
Sem contar, que a atividade turística só não tira proveito de toda esta movimentação, se não quiser, afinal, estamos falando da movimentação de uma enorme e variada rede de prestação de serviços, que contribuem sobremaneira para geração de valor agregado a personalidades, à localidades, à comunidades, que estão inseridos em um sem fim de territórios já desenvolvidos.
Animou a fazer a sua parte? Tomara que sim.
Até a próxima.
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