Suspeitas de estarem relacionadas a prática de jogos de azar, maquinetas de pegar bichos de pelúcia, também conhecidas como máquinas de ursinhos, das empresas Black Entertainment e London Adventure, que segundo a polícia, controlam o mercado deste tipo de entretenimento, passaram por uma perícia no último mês de junho, na primeira fase da Operação Mãos Leves. O exame revelou que o funcionamento do sistema eletrônico do equipamento é programado para dar pressão o suficiente para uma garra capturar o brinquedo de pelúcia apenas após a realização de um número pré-estabelecido de tentativas sem sucesso.
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Ou seja, o sistema dispõe de um contador de jogadas. Enquanto o número programado não for atingido, a corrente elétrica enviada gera uma potência na garra insuficiente para a captura do brinquedo. Assim, o jogador dependeria muito mais da sorte do que da habilidade para ganhar o jogo. Significa dizer, que o usuário do jogo só teria êxito ao jogar logo após a meta estabelecida pela programação ter sido alcançada. Após a premiação, a máquina voltaria ao mesmo estágio anterior.
Numa das máquinas que passou por perícia, no dia 3 de junho, no Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) foi constatado que o equipamento estava programado para que, em 97% das jogadas, a potência fosse insuficiente na grua responsável por içar o bicho de pelúcia. Já em, outra perícia, feita em uma máquina diferente da primeira, no dia 6 de junho, constatou o mesmo problema, porém com outros números. Segundo o exame, em 80% das tentativas, a máquina estava programada para não dar chance ao usuário de conseguir capturar o bicho de pelúcia. Assim, segundo a perícia, a programação estipulava que o jogador só poderia contar com à potência total da grua em 20% das ocasiões.
As duas máquinas examinadas faziam parte de um lote de equipamentos que foi apreendido, em maio, por policiais da Delegacia de Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) na primeira fase da Operação Mãos Leves. Nesta quarta-feira, a especializada deflagrou a segunda fase da operação e apreendeu, entre outras coisas, dois cofres com valores em três moedas diferentes (dólar, real e iene), além de três pistolas, munição, celulares, tablets e notebooks. O material estava em um endereço da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, ligado a uma das seis pessoas investigadas na Operação Mãos Leves 2, deflagrada pela DRCPIM para cumprir 19 mandados de busca e apreensão, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina.
O advogado Caique Strufaldi, que defende os interesses da London Adventure, informou que vai tentar reaver todos os bens apreendidos, inclusive os valores em dinheiro. Em nota, ele afirma a empresa que é legalizada e adquire os bichos de pelúcia no mercado interno, em transações legais e com nota fiscal:
“As máquinas da London são lúdicas, a empresa é toda legalizada e a mercadoria, ursinhos e películas, é toda adquirida no mercado interno, legalizado, com nota fiscal. A atividade é desenvolvida no Brasil e no mundo, trata-se de atividade entretenimento. No país que mais se aposta nas Bets, supor que as máquinas de garras para ursinho de pelúcia são jogo de azar desafia a lógica das coisas e coloca gente de bem envolto em escândalos policialescos com destroços de vida humana”.
O Globo não conseguiu contato com a defesa da Black Entereinment até a publicação desta matéria.
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