A escultura do artista Franz Weissmann, uma das obras retiradas de uma casa em processo de tombamento em Belo Horizonte, foi levada a leilão em São Paulo. O Ministério Público investiga as responsabilidades sobre a retirada das obras e a prefeitura quer que os paineis retornem para o imóvel, na Cidade Jardim, bairro nobre da capital mineira.
Composta por seis formas de alumínio entrelaçadas, a obra de Weissmann aparece no lote 40 do catálogo do penúltimo leilão realizado pela empresa Aloisio Cravo Arte e Leilões, com sede em São Paulo.
A escultura, feita na década de 1950 com 205 cm x 405 cm de dimensão, foi colocada à venda, em 30 de novembro de 2023, pelo lance inicial de R$ 2,2 milhões – a obra mais cara do pregão. De acordo com o leiloeiro Aloisio Cravo, o Weissmann não foi arrematado.
“A obra chegou para o leilão, dez dias antes, uma coisa assim. Veio uma equipe pra instalar na minha galeria, para que ela pudesse ser apreciada pelos colecionadores. Após o leilão, ela foi retirada, ainda no ano passado”, disse Aloisio.
“A obra chegou para o leilão, dez dias antes, uma coisa assim. Veio uma equipe pra instalar na minha galeria, para que ela pudesse ser apreciada pelos colecionadores. Após o leilão, ela foi retirada, ainda no ano passado”, disse Aloisio.
Antes de ir a leilão a obra ficava em uma das paredes externas de uma casa de Belo Horizonte, que está em processo de tombamento. Na parte interna da mesma parede ficava uma pintura de Alberto da Veiga Guignard, de cerca de 11 metros quadrados, intitulada “Visão de Minas” – essa, avaliada em R$ 15 milhões.
De acordo com a prefeitura da capital, “o imóvel, situado na Avenida do Contorno, 7.871, tem dois processos de tombamentos abertos junto ao Patrimônio Municipal, um de 2007 e outro de 2013. Mesmo ainda sem a finalização do processo, o imóvel já passa a ter que se adequar às regras para bens tombados.”
De acordo com Carlos Henrique Bicalho, diretor de patrimônio da Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte, a pintura de Guignard e a obra de Weissmann eram integradas ao imóvel e, por isso, não poderiam ter sido retiradas da casa.
“Quando ele é um bem integrado, ele faz parte da arquitetura, faz parte de um todo, então, aquelas obras só fazem sentido para aquela edificação. Elas sendo retiradas daquele lugar, primeiro que você vai deixar um imóvel, um bem cultural lacunar, faltando um pedaço e aquela obra é um pedaço de alguma coisa que já não existe mais. Então, o bem integrado basicamente é isso: é essa relação simbiótica e indivisível entre a obra de arte e arquitetura”, disse o diretor.
“Quando ele é um bem integrado, ele faz parte da arquitetura, faz parte de um todo, então, aquelas obras só fazem sentido para aquela edificação. Elas sendo retiradas daquele lugar, primeiro que você vai deixar um imóvel, um bem cultural lacunar, faltando um pedaço e aquela obra é um pedaço de alguma coisa que já não existe mais. Então, o bem integrado basicamente é isso: é essa relação simbiótica e indivisível entre a obra de arte e arquitetura”, disse o diretor.
O leiloeiro, Aloisio Cravo, afirma que checou a origem e a procedência da escultura de Weissmann e admitiu saber que a casa onde a obra estava passava pelo processo de tombamento.
“A casa sim, eu soube, me foi dito sobre a casa, mas as obras não. As obras enfim, as obras, quero crer, que não fazem parte do tombamento, né? Você não tomba obra de arte. Você tomba o projeto arquitetônico, né?”, disse Aloisio.
“A casa sim, eu soube, me foi dito sobre a casa, mas as obras não. As obras enfim, as obras, quero crer, que não fazem parte do tombamento, né? Você não tomba obra de arte. Você tomba o projeto arquitetônico, né?”, disse Aloisio.
Ainda segundo o leiloeiro, o proprietário da obra “é gente conhecida de notória responsabilidade no mercado de arte, quer dizer, não foi uma coisa que aconteceu à meia-noite. (…) Eu tenho as pessoas com as quais eu trabalho, eu trabalho sempre num circuito de alta confiança. Os leilões só funcionam assim. Então eu tenho certeza que isso rapidamente deve ser esclarecido”, finalizou Aloisio.
Por causa de um acordo de confidencialidade com o cliente, ele não pode revelar o paradeiro da obra. O local para onde foi levado o painel de Guignard também é desconhecido.