Conheça projeto do museu, em Maricá, destinado a eternizar legado da ‘Madrinha do Samba’, Beth Carvalho

Casa que era de Beth Carvalho, em Maricá, vai virar museu para eternizar legado da eterna “Madrinha do Samba”, título recebido por ter sido descobridora ou incentivadora de inúmeros talentos. Lançamento do projeto acontece nesse domingo, data em que a sambista completaria 78 anos. No mesmo dia, será apresentado um livro com fotos pessoais e textos sobre a cantora. O imóvel, na localidade conhecida como Cordeirinho, foi comprado pela Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar), empresa da prefeitura, em junho de 2021, por R$ 1,4 milhão, e depois de passar por obras, que deverão durar um ano e consumirão um investimento de R$10 milhões, vai se transformar também num espaço dedicado ao gênero musical que tornou conhecida a homenageada.

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—A proposta é ser um museu dedicado à Beth Carvalho, mas que abre para o samba do Brasil. Ele é um museu pequeno, nem daria para falar sobre a história toda do samba. Abrimos as “janelas” para falar do samba, mas todas essas janelas relacionadas à Beth —explica Gringo Cardia, o arquiteto e cenógrafo responsável pelo projeto, acrescentando que o local terá espaço para mostrar a importância dela para compositores como Nelson Cavaquinho e Cartola, cujas carreiras ajudou a ressignificar, e outros como Zeca Pagodinho e Xande de Pilares, que alçaram o sucesso após sua bênção.

Casa de Beth Carvalho em Maricá foi um dos imóveis comprados pela prefeitura para se transformarem em museus — Foto: Ana Branco / Agência O Globo / Arquivo

A Casa Beth Carvalho vai integrar o Caminho das Artes, um circuito que inclui ainda a Casa Darcy Ribeiro e a Casa Maysa, também compradas pela prefeitura para serem transformadas em museus em memória de seus antigos moradores. A dedicada ao antropólogo, morto em 1997, será inaugurada no próximo dia 26. A da cantora conhecida por sucessos como “Meu mundo caiu” e falecida em 1977, ainda vai entrar em obras. Os três imóveis serão conectados por um deque à Praça das Utopias, um espaço aberto multifuncional aberto voltado para o convívio e a interação dos frequentadores.

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A ideia é fazer da Casa Beth Carvalho um museu vivo do samba, com salas interativas e local para pequenos shows. Um desses espaços terá um mini palco para pocket shows com capacidade para receber até 70 pessoas. Nas salas interativas, os visitantes terão a oportunidade de vivenciar a experiência de aprender a sambar ou tocar um instrumento. Na de cinema, estão previstas sessões semanais do filme “Andança – Os Encontros e as memórias de Beth Carvalho” (2022), dirigido por Pedro Bronz.

Num dos espaços, uma espécie de camarim, os visitantes terão contato com objetos pessoais da sambista, como joias, figurinos de shows e documentos. Um dos corredores exibirão capas dos discos lançados ao longo da carreira, pela artista. Em outro espaço, batizado de sala do Sambas do Brasil, o visitante terá a oportunidade de conhecer as diferentes vertentes do gênero e como se manifestam nas diferentes regiões do país, indo do samba rock ao samba exaltação. Na parte central, haverá um lugar onde será possível ouvir as músicas da Beth Carvalho.

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Luana e Beth Carvalho: cantora faria 78 anos nesse domingo — Foto: Reprodução/Instagram

—Além de objetos pessoais da cantora, teremos um forte componente tecnológico e musical, com ênfase na interatividade. É um museu vivo, que estimula e conecta as pessoas, como era característico de Beth Carvalho — explica Hamilton Lacerda, presidente da Codemar.

A ideia é de que o museu abra além do horário comercial para ser um espaço de entretenimento. O local contará também com uma cozinha, com a ideia de quintal, feijoada e espaço aberto pra receber as pessoas, além de contar com uma varanda e terraço com vista para o mar. Para além da carreira como sambista, a personalidade da artista também norteou o projeto de Gringo Cardia

—É uma casa simples, cheia de história, de quem frequentou ali aos finais de semana e temporadas, sempre carregando o samba. Então, quis transformar a casa quase que numa alegoria do samba, toda verde e rosa e ao mesmo tempo preta e branca, remetendo à Mangueira e ao Botafogo — disse.

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Luana Carvalho, filha única de Beth, lembra que a mãe escolheu aquele lugar para unir trabalho com lazer. A casa foi palco de muitas rodas de samba e era onde muitos compositores mostravam músicas, algumas gravadas pela cantora:

—Era uma casa que abraçava o trabalho da minha mãe, abraçava o samba. E em frente ao mar destaca— Luana.

Toda a museografia, projeto e construção da Casa ficarão em pouco mais de R$ 10 milhões, segundo os cálculos da prefeitura. Todo o investimento será bancado com recursos próprios do Tesouro Municipal. As obras ainda estão em fase de licitação. A A inauguração está prevista para 2025. A gestão do espaço ficará por conta de uma organização civil especializada em gestão de museus, a ser definida por meio de chamamento público conduzido pela Codemar, dentro do regime estabelecido pelo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC).

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Livro traz imagens históricas e textos sobre a sambista — Foto: Leonardo Fonseca

Livro mostra uma artista múltipla

Tanto o lançamento do projeto do Casa de Beth Carvalho como do livro “Beth Carvalho em Maricá: o samba é aqui”, acontecerão nesse domingo, no Museu do Samba, na Mangueira. A publicação é parte do projeto de transformação do imóvel da sambista em museu

A obra reúne, em mais 700 páginas, relatos de vida, contribuições acadêmicas, fotos histórias e ilustrações, entre outros conteúdos que traçam a história do samba e da artista. Luana Carvalho assina um dos artigos. No texto, leva aos leitores os bastidores da casa e detalhes da vida da mãe, como a história de quando seus pais se conheceram.

“Meus pais se conheceram num churrasco em Itaipuaçu (bairro de Maricá, distante do endereço de Beth em Cordeirinho) e se apaixonaram jogando biriba e pingue-pongue a madrugada inteira”, relatou a filha de Beth Carvalho.

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A publicação traz ainda textos de Gringo Cardia e Luiz Antonio Simas, que são os curadores, Ricardo Cravo Albin, Leci Brandão, Rildo Hora, Leonardo Bruno, Hugo Sukman, Diogo Cunha, Vinícius Natal, Maurício Barros de Castro, Gisella de Araujo Moura, Marcelo Moutinho, Rafael Haddock Lobo, Eduardo Goldenberg, Giovanna Dealtry, Angélica Ferrarez de Almeida e Bete Capinan.

—O mais importante desse trabalho foi o mergulho na multiplicidade da Beth. A sambista é mais conhecida, mas você tem uma Beth que era muito ampla na maneira como se relacionava com o Brasil e com o próprio samba e com a política. Era conectada com o seu tempo. O grande desafio foi não perder essa Beth Carvalho plural, que é cheia de encruzilhadas nos diversos elementos da cultura e da política e da sociedade brasileira— aponta Simas.

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