|Com um público de mais de 30 mil pessoas, incluindo centenas de investidores, o Web Summit Rio vem se consolidando como palco privilegiado para startups em busca de projeção — e tem até competição para isso.
No Pitch, startups em estágio inicial “duelam” ao vivo durante todo o evento, que anuncia a vencedora em seu encerramento. O prêmio não envolve dinheiro, mas as startups brasileiras que saíram com o troféu nas duas edições garantem que o título tem o potencial de acelerar seus negócios.
Quem venceu este ano foi a carioca Deco.cx, que facilita a criação de sites para o e-commerce. A companhia foi criada há apenas dois anos por Guilherme Rodrigues, Luciano Júnior e Rafael Crespo, ex-executivos da VTEX, outra plataforma de origem carioca voltada para o varejo on-line que se tornou uma gigante internacional e vale R$ 7 bilhões na Bolsa de Nova York.
Em busca de visibilidade
A Deco.cx chegou ao Pitch já capitalizada — acabara de levantar US$ 2,2 milhões — e “calejada”, após negociações com 80 fundos de investimento. O que ela buscava mesmo no Web Summit Rio era visibilidade.
— O prêmio ajuda porque somos um negócio B2B (cuja clientela é formada por outras empresas), de nicho, que não veicula publicidade por aí — explicou o CEO Guilherme Rodrigues, que tem entre os sócios gestoras como Maya Capital e FJ Labs.
Lacuna de mercado
Em pouco mais de um ano de operação, a Deco.cx já pôs no ar 56 sites e tem 80 contratos assinados. Entre os clientes estão Casa&Video, Grupo Reserva, Osklen e Zee.Dog. Com uma comunidade de 2,8 mil desenvolvedores, a startup também criou um plano “self-service”, que custa US$ 9 por mês e é voltado para pequenos clientes.
— Queremos mostrar que é possível trabalhar com algo sofisticado feito no Brasil, mas pensando em uma audiência global, da Índia aos EUA — concluiu Rodrigues.
A despeito da aparente saturação no mercado de e-commerce, os fundadores da Deco.cx enxergaram uma lacuna de mercado na etapa de construção de sites, contou Rafael Crespo. O gargalo principal estava na velocidade, uma vez que e-commerces com grande volume de dados e acessados simultaneamente por muitos times internos precisam rodar rápido. Do contrário, a conversão de vendas é prejudicada.
— As soluções de mercado não funcionavam — disse.
Desde que ganhou o Pitch do ano passado, a capixaba Jade Autism conseguiu escalar o negócio, contou o fundador Ronaldo Cohin. Fundada há seis anos, a startup está por trás de um app “gamificado” que promove neurodiversidade no ambiente escolar. O software auxilia pais e professores a descobrir o estímulo cognitivo adequado para cada criança neurodiversa, facilitando o acolhimento nas escolas.
— Como a gente vende a plataforma para governos, eles nos conheceram por meio do prêmio, que também nos valida como uma empresa séria — observou Cohin.
Área de saúde
Dos nove contratos da Jade Autism com escolas públicas, quatro foram assinados após a premiação. A startup atraiu o interesse das prefeituras de Aracaju, Vitória, Vargem Alta (ES) e Sapiranga (RS). A plataforma é usada hoje por 180 mil crianças.
— Quando a gente oferece a solução a um governo, a escala é muito maior. Em Aracaju, por exemplo, entramos em 60 escolas de uma só vez — disse o fundador.
A Jade Autism também está de olho no setor de saúde. Dois neurologistas da sua equipe celebraram acordo com a prefeitura de Brodowski (SP) para realizar pesquisa sobre o potencial da tecnologia de rastreio ocular no diagnóstico de autismo. Os testes começarão em maio e devem durar cinco meses. O plano é publicar as conclusões em revista científica.
— Queremos fazer essa validação para colocar a tecnologia a serviço do médico — explicou Cohin.
A cobertura do Web Summit Rio 2024 na Editora Globo é apresentada pelo Senac RJ e Itaú, com o apoio da Prefeitura do Rio | InvestRio.