Mesmo diante da retração de mercado, as aéreas nacionais estão abrindo os olhos para o Nordeste e apostando na demanda da região por voos internacionais. O número de voos para o exterior operados por empresas brasileiras e que têm cidades nordestinas como origem cresceu sete vezes em dois anos, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Na contramão, as estrangeiras reduziram em 30% as viagens para os estados da região no período. De um lado, o real fraco e a melhora nos serviços nas cidades do Nordeste têm atraído mais turistas para as praias da região. De outro, incentivos fiscais concedidos ao setor pelos governos estaduais têm funcionado como um ímã para as aéreas nacionais, num momento de crise da aviação.
As aéreas nacionais têm ocupado não apenas o espaço das estrangeiras — que, com a recessão no Brasil, têm deslocado seus aviões para mercados mais rentáveis — como se aproveitado da suspensão dos planos da Latam de criar seu hub (centro de distribuição de voos) no Nordeste. Criada a partir da fusão da TAM com a chilena Lan, a Latam frustrou os estados que disputavam o hub — Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte — ao anunciar, em julho, que havia congelado o projeto. Os três governos, porém, já vinham articulando pacotes de incentivos fiscais para atrair a companhia e, agora, usam esses instrumentos — especialmente a redução do ICMS sobre o combustível dos aviões — para seduzir as rivais. América do Sul e Estados Unidos despontam como principais destinos nas novas rotas criadas a partir do Nordeste.
A mais agressiva nessa estratégia de expansão tem sido a Gol. A empresa inaugurou quatro novos voos este ano conectando a região a cidades sul-americanas. A empresa está voando de Recife, Maceió e Porto Seguro para Buenos Aires e de Recife para Montevidéu. Este último começou a ser operado em junho. Com isso, a Gol mais que dobrou sua operação internacional no Nordeste. Até ano passado, eram três voos semanais saindo de Salvador, Fortaleza e Natal para a capital portenha. Aérea negocia ainda ampliar a frequência da rota Fortaleza-Buenos Aires, que hoje é de um voo semanal.
— O primeiro voo internacional de qualquer brasileiro é para a Argentina e vice-versa. Neste momento, o Brasil se tornou atraente para os argentinos por causa do câmbio, e estamos apostando nesse movimento — afirma Alberto Fajerman, diretor de Relações Institucionais da Gol.
Ao inaugurar a rota Fortaleza-Buenos Aires, a Gol foi beneficiada com a redução da alíquota de ICMS de 25% para 12% sobre o querosene de aviação usado em voos domésticos com origem ou destino na capital cearense. Como os voos internacionais são isentos do tributo, o benefício cruzado foi a forma que o governo do Ceará encontrou para atrair empresas interessadas em fazer voos diretos para o exterior. O pacote de benefícios criado para disputar o hub da Latam, por exemplo, prevê redução progressiva do ICMS até a isenção total para a aérea que operar oito voos internacionais diários. Hoje, apenas a portuguesa TAP tem voos diários para o exterior a partir de Fortaleza.
— O pacote já está aprovado pela Assembleia Legislativa e pode ser oferecido a outra companhia, caso a Latam não venha para cá — disse o secretário de Turismo do Ceará, Arialdo Pinho.
ICMS MENOR REDUZ CUSTOS
A Avianca voa de Fortaleza para Bogotá e, segundo o governo de Pernambuco, estuda uma nova rota para a capital colombiana a partir de Recife, onde a Azul está consolidando seu hub regional. No primeiro semestre de 2016, a oferta de voos domésticos pela Azul chegou a 34 por dia no aeroporto da capital pernambucana, contra 23 de janeiro a junho de 2015. Já o número de destinos atendidos a partir da cidade subiu de 16 para 24. A empresa aposta nessa conectividade para alimentar o voo que inicia em dezembro ligando Recife a Orlando, na Flórida, nos EUA. Em agosto, inaugurou Fortaleza-Caiena, na Guiana Francesa.
Diferentemente da Gol e da Latam, que tiveram o ICMS reduzido de 25% para 12% no combustível usado em voos partindo da capital pernambucana, a Azul paga apenas 7%, segundo Felipe Carreras, secretário de Turismo de Pernambuco, justamente porque criou seu hub regional na cidade. Antonoaldo Neves, presidente da Azul, destaca a importância da redução do tributo para tornar a operação possível:
— O combustível representa 37% dos custos das companhias brasileiras, contra 22% no resto do mundo. Se um estado reduz em dez pontos percentuais a alíquota do ICMS, cai muito o custo para a empresa — diz ele, ressaltando que a demanda é o fator mais importante para a ampliação da malha. — Já avisamos ao governo de Pernambuco que o voo Recife-Orlando é um teste. Acreditamos ser viável. Mas a demanda é que vai comprovar isso.
Neves explica que a expansão das operações no Nordeste tem a ver com a parceria da companhia com a TAP, da qual a Azul se tornou sócia este ano:
— A TAP já tem presença relevante na região. Nosso modelo para operação no Nordeste é focado em concentrar em Lisboa as ligações com a Europa e reforçar a distribuição de voos no Brasil. De Recife para Lisboa, são cinco horas de voo. É uma operação de custo menor para a companhia. Já o preço da passagem depende do equilíbrio entre oferta e demanda — disse Neves.
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No Rio Grande do Norte, o governo do estado reduziu a cobrança de ICMS sobre combustível de 17% para 12%, beneficiando todas as aéreas. A cobrança cai ainda mais, para 9%, para aquelas que criam voos internacionais a partir da capital potiguar, explica Ruy Gaspar, secretário de Turismo do Rio Grande do Norte.
— Os governos trabalham para aumentar a captação de visitantes estrangeiros e, para isso, o serviço aéreo é fundamental, daí a política de redução de ICMS sobre combustível para a aviação — afirma o consultor Adalberto Febeliano, para quem a redução dos voos internacionais pelas estrangeiras abre espaço para a nova oferta das brasileiras.
Embora o Nordeste tenha sido muito procurado pelas companhias europeias no passado, devido a sua proximidade geográfica com a Europa, é na conexão com a América do Sul que têm surgido mais oportunidades para as aéreas brasileiras. Com os voos inaugurados recentemente em Recife, o número de argentinos que desembarcaram na cidade em voos diretos saltou de 1.705 em 2014, quando a Argentina ocupava o décimo lugar no ranking de países emissores para a capital, para 8.283 nos primeiros seis meses de 2016. Os hermanos já ocupam a segunda posição na lista, atrás apenas dos portugueses.
‘MOMENTO MAIS ADEQUADO’
Para não perder terreno, a TAM fez uma reorganização na malha. Inaugurou uma frequência semanal de Recife para Buenos Aires em janeiro deste ano e, no último 24 de setembro, começou a voar Recife-Miami, também uma vez por semana. Reduziu, porém, a frequência de Fortaleza-Miami de dois para um voo semanal. A empresa diz que “o estudo de viabilidade do projeto para implantação de um hub no Nordeste segue no plano de investimentos da Latam”, mas que dadas a situação macroeconômica do Brasil, que tem registrado queda significativa na demanda nos últimos meses, a baixa probabilidade de retomada de crescimento no curto prazo e as indefinições de infraestrutura, “a escolha da cidade que poderá receber o hub será feita em um momento mais adequado, ainda sem data definida”.
— A Latam parece se comportar mais como uma empresa estrangeira, com posição mais conservadora na estratégia de expansão no Nordeste. Já as demais aéreas nacionais veem na expansão de voos para o exterior a partir da região uma possibilidade de ampliar a receita em dólar — avalia Percy Rodrigues, ex-presidente da Rio Sul Linhas Aéreas. — A demanda por turistas internacionais no Nordeste tem crescido com a melhora nos serviços por lá. O salto nos preços dos hotéis no Rio, após a cidade sediar Copa e Olimpíadas, também ajuda a empurrar os turistas para a região.
As diferenças na estratégia comercial das empresas nacionais e estrangeiras ficam claras nos números da Anac. Em maio de 2016, houve 193 voos partindo do Nordeste para o exterior. Desses, 157 eram de empresas estrangeiras e 36 de brasileiras. Em maio de 2014, foram 240 partidas com destinos internacionais, das quais 235 de companhias estrangeiras e cinco de aéreas nacionais. Os números incluem voos regulares e não regulares. Em julho, mês de alta temporada, o fenômeno se repete.
— Quando o Brasil estava crescendo atraiu negócios de toda gama, incluindo as empresas aéreas internacionais. Nada mais natural que essa empresas revisem suas malhas num cenário de recessão. Como atendem muitos destinos ao redor do mundo, elas têm mais flexibilidade para deslocar seus aviões para outros mercados — afirma Robson Bertolino, presidente da Jurcaib, organização que reúne as aéreas que voam para fora do Brasil.
Uma das pioneiras na conexão entre Nordeste e Europa, a TAP fez ajustes na malha após a parceria com a Azul — dois destinos no Norte passaram a ser atendidos pela empresa parceira — reduzindo de 12 para dez o número de destinos atendidos por seus aviões no país. No Nordeste, manteve os voos saindo de Salvador, Fortaleza, Natal e Recife para Lisboa.
— O voo Lisboa-Belém-Manaus, passou a ser apenas Lisboa-Belém. O trecho entre as duas cidades do Norte é operado pela Azul. A outra mudança foi o voo Lisboa-Campinas, que passou a ser operado pela Azul. Mas no Nordeste, onde operamos há décadas, estando em Recife há quase 50 anos, mantivemos a malha — comentou Mario Carvalho, diretor geral da TAP no Brasil, reconhecendo que a tarifa média da empresa portuguesa para o Brasil perdeu 15% em valor desde 2015, com impacto negativo na receita.
Fonte: Extra