Startup PanoSocial tece moda sustentável com ex-presidiários

A brasileira Natacha Barros é produtora de moda e o austríaco Gerfried Gaulhofer, designer. Em um mundo obcecado pelo lucro, a dupla acredita que o sucesso de um negócio não se mede apenas pelos resultados financeiros, mas também pelo impacto criado para as pessoas e para o meio ambiente.

Juntos, eles estão à frente de uma startup transformadora, a Pano Social, que tece moda sustentável e reinsere ex-presidiários no mercado de trabalho. Criada em 2014, a empresa com sede em São Paulo produz roupas e acessórios a partir de algodão 100% orgânico ou 100% PET reciclado e, na linha de produção, conta com a ajuda de egressos do sistema prisional.

A PanoSocial confecciona para a própria grife e para outras marcas, além de produzir para clientes institucionais. Recentemente, eles entregaram sete mil camisetas da campanha #DesmatamentoZero do Greenpeace Brasil. Todas feitas com algodão orgânico e serigrafia em pigmentos naturais, assinadas pelo estilista Ronaldo Fraga.

Camisetas da grife PanoSocial

Devido à produção limitada de algodão orgânico no Brasil (de cerca de 0,1% do total nacional), a startup importa o fio da Índia, segundo maior produtor mundial de algodão orgânico, atrás da China. “Trazer o algodão de longe ainda não é o melhor dos mundos quando se fala em sustentabilidade, mas é melhor do que usar algodão produzido de forma convencional, com uso excessivo de agrotóxico”, diz Natacha.

Após chegar aos solos brasileiros, a matéria-prima segue para confecções parceiras em Brusque, conhecida como “Cidade dos Tecidos”, em Santa Catarina. É lá que é produzida a malharia usada nas camisetas da startup. Já o tecido plano, usado na produção de ecobags, calças, entre outras peças, é confeccionado na Paraíba. Ambos os processos utilizam apenas tingimento natural, incluindo estamparia.

Oficina própria

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Com o investimento, eles planejam abrir uma oficina de confecção própria no centro de São Paulo e empregar até 17 ex-detentos . “O contrato com a Bemtevi prevê que que todo o lucro será revertido para aumentar o impacto social e ambiental de modo positivo e crescente” destaca.

Atualmente, parte da produção ainda é terceirizada. Ao contratar os serviços de uma confecção, a startup busca sempre inserir egressos do sistema penitenciário no processo, o que acaba “contagiando” a produção com a missão social, conforme Natacha.

Os ex-detentos vêm do Projeto Segunda Chance, da organização não governamental (ONG) AfroReggae, que visa inserir egressos do sistema prisional no mercado de trabalho, ou a partir da Funap, órgão que desenvolve programas sociais para presos e ex-detentos.

“Cada vez mais, precisamos desenvolver a percepção de que a mudança que a gente espera no mundo talvez não dependa do outro, mas de nós mesmos. Nosso papel na Pano Social não é vender produto, mas comunicar o impacto ambiental e social através da venda de um produto. Essa é a nossa missão”, define a empreendedora social.

Fonte: EXAME

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